Estudantes estrangeiros são vítimas de arrastão em prédio da Bela Vista

Dezenove pessoas – 15 delas estudantes, estagiários e professores estrangeiros de sete nacionalidades diferentes – foram feitos reféns por mais de duas horas por 15 criminosos armados durante um arrastão ao prédio onde moram na Bela Vista, centro de SP, neste domingo (22). A quadrilha entrou no edifício de 14 andares na Avenida Nove de Julho após abordar um morador que se preparava para entrar no imóvel por volta das 22h30.

Os assaltantes invadiram os apartamentos do 5º ao 13º andar. As vítimas foram levadas para o 10º andar, onde ficaram amarradas, amordaçadas e encapuzadas sob a mira de armas. Os criminosos agrediram moradores e os ameaçaram de morte caso não entregassem dinheiro e pertences. Foram roubados R$ 3.620 e 1.320 euros (pouco mais de R$ 3.200) e dois carros, além de mais de cem objetos, entre eles, computadores, telefones celulares, tênis e óculos de grifes importados e documentos pessoais, como passaportes, por exemplo.

A Polícia Militar só foi chamada para atender a ocorrência por volta da 0h45 desta segunda-feira (23), quando um dos funcionários do Edifício Santa Amália ligou para o telefone 190 da PM após a fuga dos criminosos.

“Os bandidos entraram armados, correndo e berrando com um morador como refém. Cinco deles ficaram comigo na portaria e o restante subiu nos apartamentos. Alguns andares tem um apartamento por andar, outros têm dois apartamentos por andar”, disse à reportagem um funcionário que pediu para não ter o nome publicado.

Francês relata insegurança
“Eu acho um absurdo o que ocorreu aqui. Falta segurança aqui em São Paulo e no Brasil também. E o seu país ainda vai sediar uma Copa do Mundo [em 2014]. Que segurança os turistas estrangeiros vão ter?” disse um estudante francês, filho de portugueses, de 23 anos, que pediu para não ter o nome divulgado.

Segundo o francês, ele e mais dez estrangeiros que estavam no prédio são estudantes universitários do curso de administração de empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “Viemos para cá fazer um intercâmbio estudantil. Estou aqui desde agosto do ano passado, mas só escuto falar em crimes”, afirmou o aluno.

Ele pretende se reunir com os demais colegas para discutir a saída do grupo de alunos do prédio. “Não queremos mais ficar aqui. Vamos procurar outro prédio. Bateram no meu amigo francês. Deram coronhada na cabeça dele porque ele não entendia o que gritavam. Falavam para uma amiga nossa francesa dar dólares, dinheiro”.





Entre as 19 vítimas estão três franceses, quatro alemães, quatro holandeses, um colombiano, um italiano, um suíço, um polonês e quatro brasileiros. São homens e mulheres com idades entre 20 e 70 anos. Algumas das pessoas não moravam no prédio: estavam indo visitar amigos ou tinham ido estacionar seus veículos na garagem que alugam do edifício.

Segundo a PM, o carro de uma das vítimas que havia sido roubado, um Toyota Fielder azul ano 2004, de uma advogada de 46 anos, foi localizado na Alameda Santos. Ela mora num prédio próximo ao invadido, mas tinha ido estacionar o automóvel na garagem que aluga do Edifício Santa Amália. A mulher, no entanto, não quis falar com a reportagem na delegacia. O outro automóvel levado pelos assalantes é um Toyota Corolla que estava estacionado na rua próxima à Avenida Nove de Julho. O veículo é de propriedade de uma atriz brasileira de 29 anos que tinha ido visitar amigos no imóvel roubado.

Uma das vítimas, uma brasileira de 30 anos que trabalha como analista, contou à Polícia Civil que os criminosos ainda se comunicavam por meio de telefones celulares. Ela contou que eles estavam interessados em roubar moedas estrangeiras e produtos importados. Entre os objetos roubados, estão óculos Ray Ban, Gucci e Diesel. Também foram levados relógios Armani, Guess e Hugo Boss.

Polícia Civil
O caso foi registrado no 78º Distrito Policial, nos Jardins, como roubo a patrimônio a apurar. Apesar de a área de circunscrição ser do 4º DP, na Consolação, o inquérito será levado para apuração da 4ª Delegacia do Patrimônio do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic), segundo informou a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo. De acordo com a pasta, o delegado titular Mauro Fachini Ciserri não irá comentar a investigação.

Quem foi roubado está sendo orientado a comparecer a uma delegacia para tentar fazer o reconhecimento fotográfico dos criminosos por meio de um sistema que possui um banco de fotos de assaltantes.

Até o fim da manhã, nenhum suspeito havia sido identificado ou preso. Segundo funcionários do prédio, o local não possui câmeras de segurança que pudessem gravar a ação criminosa. A equipe de reportagem não conseguiu localizar o administrador do edifício para comentar o assunto.

Fonte: G1





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