A passeata organizada na manhã de sábado (17) por um grupo contra a legalização da maconha foi marcada pelo conflito com pessoas favoráveis à liberação do uso da droga. A concentração de manifestantes da Caminhada Nacional Contra a Liberação da Maconha começou às 10h, no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, região do bairro Bela Vista. Mas o ato foi iniciado com duas horas de atraso.
O tumulto, marcado por empurra-empurra e discussões, começou quando algumas pessoas do movimento Intervenção na Marcha pela Vida levantaram cartazes para defender a legalização da maconha e também um vaso, contendo uma planta que não era da espécie cannabis sativa.
De acordo com o programador Daniel Siqueira, de 29 anos, do grupo favorável à legalização, houve agressões por parte do líder da caminhada, o escritor ecumênico Xamã Gideon dos Lakotas. “Queríamos fazer um contraprotesto pacífico”, afirma o programador. Procurado pela reportagem, o Xamã não quis falar sobre o assunto.
A passeata era formada por vários segmentos sociais, sobretudo vertentes religiosas. Segundo o organizador da Caminhada, Michel Nascimento Gomes, de 29 anos, alguns adeptos do uso do chá do Santo Daime – alucinógeno, feito à base de ayahuasca e usado nos rituais religiosos – também aderiram ao protesto. Esse foi um dos principais pontos questionados pelas pessoas que defendem a legalização do uso da maconha.
“Tentamos abrir um debate nas redes sociais sobre o assunto, inclusive sobre a utilização da ayahuasca nos rituais do Santo Daime, mas o tratamento foi hostil”, afirma o estudante Luca Dardi, de 16 anos. Segundo ele, o que é defendido não é apenas o uso da maconha, mas sim a “discussão sobre o tráfico que mata muita gente, os gastos inúteis com a prevenção fraca”. Segundo o arquiteto Sérgio Olivetti Narduci, de 51 anos, a ayahuasca não é contestada pelo grupo por “não causar os mesmos danos, como a dependência, que a maconha causa.”
A passeata contou a com a presença de pessoas de vários Estados, como Goiás, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O catarinense José Henrique Argemir, de 40 anos, que veio de Garopaba, também participou da primeira edição do evento, em julho deste ano. “A maioria das pessoas que estão aqui tem filhos e teme por aquilo que a maconha possa causar a eles.”
Os participantes caminharam pela Avenida Paulista e foram até o Obelisco do Ibirapuera, passando pela Rua Pamplona e pela Avenida Brigadeiro Luis Antonio. De acordo com a Polícia Militar, 600 pessoas participaram da passeata. Mas os organizadores afirmam que o evento contou com cerca de 3 mil manifestantes.
Fonte: Jornal da Tarde